Trata-se de um mecanismo natural para proteger a delicada glande do recém-nascido. Porém, até os três anos, essa aderência desaparece na grande maioria dos meninos. Ela é motivo de preocupação para muitos pais iniciantes e pode causar complicações na vida sexual de um adulto.
A fimose é um problema comum gerado pela dificuldade ou incapacidade de expor a cabeça do pênis – chamada de glande – por conta de uma pele – o prepúcio – que estreita a sua passagem.
Nem todo mundo sabe e o tema é cercado de crenças, inclusive religiosas, mas todos os meninos nascem com a pele que cobre a glande, isso é perfeitamente normal, segundo explica o médico urologista Anoar Samad.
Ele destaca que somente pode ser considerado como doença quando essa pele não abre, configurando um excesso de cobertura da glande, impedindo a higiene local e muitas vezes dificultando a micção.
Por definição a fimose é a dificuldade ou até impossibilidade de expor a glande porque o prepúcio (prega de pele que envolve a glande) estreita a passagem. Nos primeiros meses de vida, existe uma aderência natural do prepúcio à glande.
Trata-se de um mecanismo natural para proteger a delicada glande do recém-nascido. Porém, até os três anos, essa aderência desaparece na grande maioria dos meninos. “É importante ressaltar que a grande maioria dos homens normais apresenta uma certa ‘sobra’ ou excesso de prepúcio que, com o pênis em repouso, recobre e ultrapassa a glande. Isto não é fimose, é uma condição normal”, afirma Samad.
Além disso, todo homem normal possui uma estrutura semelhante a um cordão, que liga a extremidade da glande ao prepúcio, impedindo que este seja excessivamente tracionado, chamado de freio do prepúcio.
Esse cordão é normalmente indolor. No entanto, em muitos homens esse freio pode ser muito curto levando ‘a dor durante ‘a relação sexual, segundo Anoar Samad. “As mães acreditam que fazer massagens para ‘arregaçar’ o prepúcio resolve o problema, mas devem ser evitados, pois além de causar dor, podem provocar sangramentos” e cicatrizes importantes levando ‘a um quadro de fimose adquirida”, alerta Samad.
Tratamentos
Passada a primeira infância sem o registro do descolamento natural do prepúcio, o tratamento recomendo é a intervenção cirúrgica e visa a facilitar a higiene do pênis, evitando assim infecções, além de evitar um outro problema conhecido como parafimose, que é a incapacidade para puxar o prepúcio de volta sobre a cabeça do pênis. A cirurgia para aqueles em que a pele não ” abriu” permite ainda, na fase adulta, relações sexuais mais confortáveis.
A cirurgia, também chamada de postectomia ou circuncisão, consiste na retirada completa do prepúcio e expondo a glande de forma definitiva. No caso de adultos, a anestesia é local e, em crianças associa-se uma sedação anestésica juntamente com a anestesia local , podendo ter alta no mesmo dia.
Pomada
Alguns tratamentos recentes, por conta da evolução da medicina, apontam o uso de pomada, aprimorada por médicos brasileiros, que promete reduzir a necessidade de cirurgia de fimose em cerca de 90% dos casos. No Brasil, em 2009, uma equipe do Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp) tornou o produto mais eficaz por meio da adição de enzimas.
O princípio ativo do medicamente é a betametasona, um derivado da cortisona. A substância ge como anti-inflamatório, e dissolve as traves fibrosas ricas em proteínas que ligam a pele do prepúcio ao pênis. Na Unicamp, os pesquisadores acrescentaram à betametasona enzimas chamadas hialuronidases, capazes de quebrar as proteínas das traves fibrosas. A ação dessas enzimas facilita a liberação do prepúcio.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, o uso da pomada é indicado para meninos que completam um ano de idade e que não têm a liberação espontânea do prepúcio, ou em casos de infecções de repetição dessa pele (postite).